quarta-feira, 28 de março de 2018

68/365 - Prêmio de consolação


 68/365


Não ser a prioridade de alguém não significa necessariamente que você não é importante para aquela pessoa, seria até um ato egoísta acreditar nisso, contudo, não ser a prioridade de alguém pode ser um grande problema.



Muita gente (e talvez até você que esteja lendo este texto agora) sofre do que eu vou chamar aqui de “complexo do prêmio de consolação”. Essas pessoas não se veem como importantes na vida de alguém, e sim apenas como algo que está ali, sem fazer muita diferença, as vezes até faz uma diferença boa ou ruim, mas na balança geral das coisas, não tem grande impacto na vida de ninguém.



É como se o seu melhor amigo não fosse o seu melhor amigo, e você continua solteiro, mas ainda assim tem amigos e gosta de alguém. Na verdade, é você quem procura pelos seus amigos, pois eles parecem que nunca vão atrás de você se você não der o primeiro passo. Quem sofre desse complexo acredita mesmo ser apenas o prêmio de consolação, que só é útil quando os outros não tem outra opção ou a prioridade deles acaba falhando em algum momento, mas eles têm o prêmio de consolação.



Pessoas que possuem esse complexo acabam se sentindo solitárias, mesmo em meio a muita gente, elas não se veem como parte de algo maior ou até mesmo útil. Se questionam com frequência se a existência delas tem algum efeito na vida de alguém. Procuram por atenção, e são extremamente leais, com muita ansiedade querendo fazer parte integrante da vida das pessoas queridas que fazem parte do círculo social que vive.



Algumas dessas pessoas até conseguem deixar o estado de solteiro, pois quando a oportunidade aparece daquela pessoa que está saindo de um relacionamento ou solteira a algum tempo, ela consegue agir rápido, pois está sempre ciente do que está acontecendo.



Mas a questão que fica é: Esse relacionamento é realmente algo bom e puro? A pessoa está com o prêmio de consolação apenas para não ficar sozinha enquanto alguém melhor aparece, ou será que ela realmente gostou da pessoa e não a trata como o prêmio de consolação, mas sim como prioridade?



A necessidade de reafirmação nessa situação para pessoas com essa síndrome é aparente, e junto dela vem os ciúmes, e tudo isso faz parte do próprio ego dela. Então vamos ao cerne da questão. A síndrome do prêmio de consolação geralmente é uma fase, mas a duração dessa fase tem tempo indeterminado, pois a “cura” para isso é o entendimento de algumas questões importantes na vida de quem possui a síndrome, e infelizmente a tristeza e a falta de perspectiva não deixam que a pessoa aprenda.



Por motivos de facilitação de escrita, vou escrever a partir de agora como se o leitor sofresse desse mal, e estivesse intrigado procurando uma “cura” para isso, no sentido de não se sentir mais triste ou cabisbaixo por não ter o sentimento de prioridade na vida de alguém. Vamos lá.



A necessidade que você tem de que alguém se importe com você e te ame na mesma intensidade que você ama os outros, de que apareça alguém que te dê bom dia e dedique algum tempinho do dia dela para pelo menos demonstrar que você é importante para ela, de que escolham você para os trabalhos em grupo na escola ou na faculdade ou até em algum time na prática de algum esporte, tudo isso, converge para a mesma coisa.



Essa mesma coisa também é a convergência do sentimento de solidão que é proveniente desse pensamento de que você não é importante na vida de ninguém, do tempo perdido querendo exibir as coisas que você faz para obter aprovação das pessoas seja nas redes sociais, no local onde estuda, ou onde trabalha. Todas essas coisas é a falta de uma, o amor próprio.



Eu sei que não é o que você queria ler, pois não é uma tática milagrosa e mágica que vai fazer com que os seus amigos gostem mais de você e te priorizem, de que a pessoa que você goste comece a te enxergar com outros olhos, de que as pessoas no ambiente que você mais passa o seu tempo comecem a te admirar mais e queiram se aproximar de você por você simplesmente ser quem é. Mas ao mesmo tempo o bom uso dessa informação vai fazer com que essas coisas comecem a acontecer com mais frequência.



Tem um velho ditado que diz que se você se sente mal quando está sozinho, é porque está em má companhia, reflita sobre isso e como isso afeta as pessoas no seu círculo da mesma forma. Quando você passa a se amar, e a se respeitar, buscar sendo a pessoa que você idealiza e gostaria de ser, sem se preocupar com o que os outros vão pensar, com o que a sociedade vai apontar os dedos para julgar, mas sim você fizer o que fizer por amor a si mesmo, e por saber que aquilo vai te fazer bem sem prejudicar ninguém, é um ato puro, que vai te elevar.



Quando você começa a gostar da própria companhia, não vai ter tempo para ocupar sua mente com o que fulano pensa sobre você, sobre como as pessoas vão te olhar e etc. Você simplesmente vai gostar de estar na própria pele, e gostar da própria companhia, e vai entender que você é um ser livre (e essa é a parte mais difícil, pois você ser livre significa que as outras pessoas também são livres). Então vai ficar feliz ao estar sozinho, e vai estar feliz ao estar em companhia. Se ninguém viver a sua porta, ótimo, se alguém vier, ótimo também. Não vai ter o que provar a ninguém, você vai buscar o que te faz bem, e não o que vai fazer o outro bem enquanto você está em cacos. Não é egoísmo, é saber cuidar de si mesmo e aumentar o seu valor como ser humano.



Se você quer entender mais sobre esse processo, medite (procure o significado real de meditar em algo) sobre um poema, apenas procure no google “Torne-se um só  Osho”. Cada linha deste poema é uma lição de vida, e todas essas lições convergem para o amor próprio, que é a cura para a síndrome do prêmio de consolação. E quando você for a prioridade na sua própria história, e não o prêmio de consolação, você vai deixar de ser o prêmio de consolação na vida dos outros também.



 Alisson David Frangullys – 28/MAR/2018   02:22   GMT -5 (Texto para o dia 09/MAR/2018)

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