quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

25/365 - Sózinho



25/365

As coisas estão cada vez mais difíceis, parece que essa dor e tristeza nunca vão embora, os momentos felizes são rapidamente preenchidos por essa dor e solidão que ataca do nada e permanece por muito tempo.
Antes de eu viajar estava me sentindo sozinho e triste como agora, mas tinha esperanças gigantes de que tudo passasse enquanto eu estivesse de volta no meu país. E foi exatamente o que aconteceu, pelo menos na primeira semana. Até que tudo começou a desmoronar e virar uma bagunça sem perspectivas de melhoras. Vi as pessoas indo embora uma a uma, e me sentindo cada vez mais sozinho e desolado. Não as culpo de forma alguma, a vida continua e eu não estava lá para acompanhar as mudanças que ela oferece. Mas não deixa de ser dolorido ver que você não é mais prioridade de nada nem ninguém. Doí chegar em casa e não se sentir em casa, com uma sensação de que nada resta para você naquele lugar, além de uma pessoa que parece se importar e está sempre ao seu lado nesses momentos complicados. O porto seguro que segura as colunas da casa para que não desmorone foi o que me manteve na minha sanidade e esperanças de que tudo teria solução.
Até que o meu porto seguro desmoronou também, em uma das piores formas que eu mal pude imaginar. No momento que eu mais precisei, me foi virado as costas, no meio período e absoluta tristeza, dor e abstinência. E dessa vez eu me senti realmente sozinho e desesperançado. Cheguei a me culpar muito por isso, me sentindo o vilão da história e o mal encarnado por afastar todo mundo de mim, até quem eu achei que sempre estaria ali por mim. Admito que eu na minha tentativa de tentar parecer bem e oferecer um momento bom e agradável aos que estavam comigo, mesmo que eu estivesse completamente quebrado por dentro, eu falhei. Ainda mais por sentir o meu porto seguro cada vez mais distante e frio comigo a cada hora que se passava. Fui percebendo que ninguém se importa, absolutamente todos se foram e sem perspectiva de volta.
Além de toda a dor fiquei com a sensação de ter sido traído por aquela a quem mais confiei, mas que quando mais precisei me virou as costas pois era mais fácil assim. Muito pensei sobre o assunto com a maior ansiedade e angústia que me foi dada, e me questionei muito se eu valho a pena. Ainda mais após ouvir que a convivência comigo é insuportável por eu ficar desapontado quando as coisas não acontecem do meu jeito. Meias verdades sejam ditas, isso realmente acontece, eu realmente surtei e precisei de ajuda na companhia das pessoas que eu amava. Mas mesmo assim, elas apesar de estarem lá, não estavam, pois elas simplesmente não ligam e não se importam.
A maioria das pessoas estará junto de ti enquanto for bom para elas e conveniente, mas assim que for mais fácil ir embora elas vão te descartar como se você nunca tivesse existido. Isso acontece por falta de amor. Pois quando há amor, você ajuda a pessoa no momento difícil que ela se encontra e a ajuda a levantar da lama, mesmo que você se suje um pouco. Obviamente você deve pensar em si mesmo também e não ficar tentando ajudar as pessoas que não querem sair da lama, pois elas vão acabar levando você junto; mas saber distinguir quem são as pessoas que precisam de ajuda, e as que querem arrastar você junto com elas para um lugar sujo e obscuro.
Quando há amor, não há abandono na primeira desavença, há compreensão e empatia. Há perdão e humildade. E foram poucas pessoas que me proporcionaram isso até hoje. Não como a ilusão de que o amor é raro nas pessoas e que elas são egoístas, mas que eu estou procurando isso nos lugares errados. E o que me sobre é a dor da tristeza, da angústia, e da solidão.
Sem porto seguro algum pois o que eu tive me virou as costas, sem amigos que me coloquem em prioridade em lugar algum pois eles continuaram com a vida deles, me sobra apenas um punhado de pessoas, que eu sei que a amizade vai continuar mesmo que o tempo passe, e aqueles que um dia amei e foi verdadeiramente recíproco, não apenas da boca pra fora.
Mas mais uma vez a vida segue em frente, e até essas pessoas se vão, deixam de fazer parte do nosso mundo, mostrando apenas que tudo o que temos é absolutamente perene, ou seja, temporário. Sobrando espaço para mais vazio e tristeza sabendo que há pessoas que jamais vão voltar, sobrando apenas as memórias, junto com toda a dor. Dor por perde-las, dor por se sentir cada vez mais sozinho, dor por não saber o melhor caminho a seguir diante de vários. Dor por acumular tanta dor consigo mesmo. Não há beleza alguma na morte, apenas um vazio que é deixado para trás junto com aquele que se foi inesperadamente.
Pelo menos eu passo por essas dificuldades sozinho sem esperar que alguém apareça, pois a não muito tempo percebi e aprendi que estou totalmente sozinho, que no momento não tenho porto seguro pois nem ela se importou; ninguém se importa realmente.
Talvez seja a hora de eu sentir toda a dor que deveria ficar de luto e sentir na pele todas as dores de uma vez só, na minha solitude, pois agora estou mais ciente que nem aqueles que dizem que te amam sempre falam a verdade, na primeira dificuldade vão pular fora e te deixar só, seguindo adiante com os próprios interesses e vontade, pois é mais fácil assim; e aqueles que você sabe que realmente significou algo algum dia podem inesperadamente partir.
Preciso chegar ao fundo do poço para encontrar uma saída. E ao sair, serei muito mais forte do que já fui algum dia. Podem haver eternas sequelas e mudanças, mas é uma questão de sagacidade de saber lidar com tudo isso da melhor forma possível. Se eu sou capaz, já não tenho mais a soberba de falar que sim, mas a humildade de dizer que vou tentar o máximo que eu posso para não mudar quem eu sou e quem eu quero me tornar. Apesar de eu ter comigo o meu lado mal, que é extremamente grande, eu já o aceitei; e não deixarei que ele me domine. As vezes como aconteceu este mês ele pode sair e dar uma espiada no mundo afora, principalmente quando eu não estou no controle da situação nem dos meus sentimentos, mas jamais vai sair totalmente e tomar conta.
Sem ilusões, terei que seguir adiante. E cada vez mais sozinho, e com uma carga de dor ainda maior nas costas. Mas talvez seja exatamente o que eu tenha que passar para eu poder chegar aonde eu quero e preciso.

Alisson David Frangullys – 08:22  GMT -5  24/JAN/2018 (Texto para o dia 25/JAN/2018)

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