sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

26/365 - Arrependimento aos que já se foram



26/365

               Um dia tive uma conversa com uma amiga sobre a morte. Ela acreditava que a morte de alguém se dava não pelo aspecto físico, mas sim pelo estado de espírito. Quando alguém desistia de viver, ou não via propósito nas coisas, era como se a pessoa morresse, pois morrer por dentro seria equivalente a morte do corpo. Ela acreditava que a falta de esperança causava a morte em muitas pessoas, e essas pessoas desesperançadas seriam como zumbis, que caminham e desempenham papeis na sociedade, mas sem vida alguma, assim como alguém enterrado.
               Eu acredito que a única morte final seja a do corpo. Concordo que alguém sem esperanças é como um zumbi, contudo enquanto há vida, há esperanças. Situações mudam, o ambiente todo muda, pessoas mudam. As vezes alguém aparece sem avisar trazendo esperança para o desesperançado, e o mostra uma nova perspectiva, trazendo novamente aquela esperança que um dia foi perdida, através de atos, conselhos ou por simplesmente ser um exemplo tomando alguma atitude diferente.  Isso seria o equivalente à reviver alguém, devolver aquela centelha de vida que um dia foi tirada do desesperançado. Mas isso só é possível enquanto a pessoa está entre os vivos, por isso a morte final neste plano só é dado quando a pessoa cessa a existência. Muitas religiões acreditam que a morte neste plano é só o começo para uma nova vida, mas independente disso, enquanto houver vida, há esperança.
               Também discordo de que a morte seja o fim aqui no nosso plano. De tempos em tempos pessoas que são importantes para nós deixam de caminhar conosco, mas devemos nos lembrar das lições importantes que graças a elas aprendemos, e aos que foram queridos por nós, manter as boas lembranças para honra-los em nossas memórias. Tirar nosso tempo para externalizar toda a dor da perda é necessária para o nosso próprio bem, mas metodicamente infligir dor de tempos em tempos para tirar a dor é um erro.
Veja por você mesmo, ignorando todo o egoísmo, você gostaria que as pessoas que você ama, e/ou as que sabe que um dia te amaram, sofressem pela sua perda durante anos por vir, ou que elas perdoassem os seus erros, e lhe guardassem na memória e no coração com os bons momentos de felicidade que tiveram junto um dia? Que tivessem aprendido algo contigo que levassem para o resto da vida delas ou que deixassem que a dor por perder você obscurecesse todos esses aprendizados?  Qual legado você gostaria de deixar se sexta-feira fosse seu último dia aqui na terra?
  Não podemos escolher qual sexta-feira será a nossa partida, nem o dia da semana ou horário, mas durante nossa vida podemos deixar o nosso legado para aqueles que amamos, ou do nosso próprio trabalho. Repito que curtir a dor do luto e sofrer é sim necessário, mas rotineiramente sentir dor pela pessoa que já se foi não é lembrar dela com toda a vida que ela tinha. Se arrepender idas coisas que fez é outro erro, geralmente fazemos o melhor que pudemos com o conhecimento e poder que temos nas situações que nos encontramos. Se há algo que podemos nos arrepender é daquilo que não fizemos. Mas ao nos arrepender disso aprender essa lição e evitar que aconteça novamente no futuro com outros.
Por isso é tão frequente nas religiões falar em perdão, e amar ao próximo como amamos a nós mesmos. Pois as pessoas nem sempre estarão aqui para nós fazermos isso, e apesar de muito difícil, saber perdoar o próximo e não guardar mágoas é uma atividade necessária. Somos todos passíveis de erros, mas enquanto estamos aqui podemos aprender com esses nossos erros e nos tornar melhores. Assim como enquanto estamos em vida podemos nos declarar aos nossos familiares, amigos e até amores. Deixando eles saberem o quanto são importantes para nós e o quanto apreciamos a existência deles nas nossas vidas, não há vergonha nenhuma e fazer isso. Espalhar o amor e ser honesto com os nossos sentimentos, deixando que eles saibam disso também, pode fazer com que melhore o dia de alguém muito mais do que imaginamos, e que aumento o nosso apreço para elas. Além de ser um exercício que nos deixa com a consciência limpa, pois estamos constantemente demonstrando o nosso amor aos outros ao nosso redor, não deixando espaço nenhum para arrependimentos de não ter dito o quão importante a pessoa foi para você.

Alisson David Frangullys – 02:33 GMT -5  24/JAN/2018 (texto para o dia 26/JAN/2018)

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