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Um dia tive uma conversa com uma
amiga sobre a morte. Ela acreditava que a morte de alguém se dava não pelo
aspecto físico, mas sim pelo estado de espírito. Quando alguém desistia de
viver, ou não via propósito nas coisas, era como se a pessoa morresse, pois
morrer por dentro seria equivalente a morte do corpo. Ela acreditava que a
falta de esperança causava a morte em muitas pessoas, e essas pessoas
desesperançadas seriam como zumbis, que caminham e desempenham papeis na
sociedade, mas sem vida alguma, assim como alguém enterrado.
Eu acredito que a única morte
final seja a do corpo. Concordo que alguém sem esperanças é como um zumbi,
contudo enquanto há vida, há esperanças. Situações mudam, o ambiente todo muda,
pessoas mudam. As vezes alguém aparece sem avisar trazendo esperança para o
desesperançado, e o mostra uma nova perspectiva, trazendo novamente aquela
esperança que um dia foi perdida, através de atos, conselhos ou por
simplesmente ser um exemplo tomando alguma atitude diferente. Isso seria o equivalente à reviver alguém,
devolver aquela centelha de vida que um dia foi tirada do desesperançado. Mas
isso só é possível enquanto a pessoa está entre os vivos, por isso a morte
final neste plano só é dado quando a pessoa cessa a existência. Muitas religiões
acreditam que a morte neste plano é só o começo para uma nova vida, mas
independente disso, enquanto houver vida, há esperança.
Também discordo de que a morte
seja o fim aqui no nosso plano. De tempos em tempos pessoas que são importantes
para nós deixam de caminhar conosco, mas devemos nos lembrar das lições
importantes que graças a elas aprendemos, e aos que foram queridos por nós,
manter as boas lembranças para honra-los em nossas memórias. Tirar nosso tempo
para externalizar toda a dor da perda é necessária para o nosso próprio bem,
mas metodicamente infligir dor de tempos em tempos para tirar a dor é um erro.
Veja por você mesmo, ignorando todo o egoísmo, você gostaria que as
pessoas que você ama, e/ou as que sabe que um dia te amaram, sofressem pela sua
perda durante anos por vir, ou que elas perdoassem os seus erros, e lhe
guardassem na memória e no coração com os bons momentos de felicidade que
tiveram junto um dia? Que tivessem aprendido algo contigo que levassem para o
resto da vida delas ou que deixassem que a dor por perder você obscurecesse
todos esses aprendizados? Qual legado
você gostaria de deixar se sexta-feira fosse seu último dia aqui na terra?
Não podemos escolher qual
sexta-feira será a nossa partida, nem o dia da semana ou horário, mas durante
nossa vida podemos deixar o nosso legado para aqueles que amamos, ou do nosso
próprio trabalho. Repito que curtir a dor do luto e sofrer é sim necessário,
mas rotineiramente sentir dor pela pessoa que já se foi não é lembrar dela com
toda a vida que ela tinha. Se arrepender idas coisas que fez é outro erro,
geralmente fazemos o melhor que pudemos com o conhecimento e poder que temos
nas situações que nos encontramos. Se há algo que podemos nos arrepender é
daquilo que não fizemos. Mas ao nos arrepender disso aprender essa lição e
evitar que aconteça novamente no futuro com outros.
Por isso é tão frequente nas religiões falar em perdão, e amar ao
próximo como amamos a nós mesmos. Pois as pessoas nem sempre estarão aqui para
nós fazermos isso, e apesar de muito difícil, saber perdoar o próximo e não
guardar mágoas é uma atividade necessária. Somos todos passíveis de erros, mas
enquanto estamos aqui podemos aprender com esses nossos erros e nos tornar
melhores. Assim como enquanto estamos em vida podemos nos declarar aos nossos
familiares, amigos e até amores. Deixando eles saberem o quanto são importantes
para nós e o quanto apreciamos a existência deles nas nossas vidas, não há
vergonha nenhuma e fazer isso. Espalhar o amor e ser honesto com os nossos
sentimentos, deixando que eles saibam disso também, pode fazer com que melhore
o dia de alguém muito mais do que imaginamos, e que aumento o nosso apreço para
elas. Além de ser um exercício que nos deixa com a consciência limpa, pois
estamos constantemente demonstrando o nosso amor aos outros ao nosso redor, não
deixando espaço nenhum para arrependimentos de não ter dito o quão importante a
pessoa foi para você.
Alisson David Frangullys – 02:33 GMT -5
24/JAN/2018 (texto para o dia 26/JAN/2018)
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